sexta-feira, 4 de maio de 2012

O Terço



Era uma vez uma mulher muito humilde e simples que vendia verduras num bairro de pessoas ricas. As verduras eram colhidas em sua pequena propriedade, que ficava distante da cidade, a algumas horas de caminhada.
Todos os dias ela saía de madrugada. Equilibrava o balaio de folhas na cabeça. Com o terço na mão, caminhava rezando. A distância se tornava breve... Os moradores da cidade aguardavam as verduras fresquinhas de Dona Maria.
Um dia ela perdeu seu terço na casa de um freguês. Voltou, casa por casa, procurando-o. Quando chegou a àquela onde havia perdido o terço, o homem veio com ele na mão, zombando:
- Ah! Ah! Dona Maria! Você perdeu seu Deus...
- Eu? Eu não!
- Aqui, seu Deus! (mostrando o terço).
- Graças a Deus que o Senhor o encontrou! Muito obrigada.
- Por que a senhora não joga fora este colar de bolinhas e carrega uma bíblia?
- Ô, seu doutor, eu não aprendi a ler... É com o terço que eu medito a palavra de Deus...
- Medita a palavra de Deus com uma cordinha cheia de bolinhas?
- Sim, seu doutor... Olha aqui a cruzinha... Ela me lembra que Jesus derramou seu sangue e morreu pregado numa cruz para nos salvar. Essa primeira conta grande me lembra que há um só Deus. Estas três pequenas me lembram as três pessoas da Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Esta outra maior, eu rezo a oração que Jesus ensinou a seus discípulos, o Pai-Nosso, O terço tem cinco mistérios que fazem lembrar as cinco chagas de Nosso Senhor Jesus pregado na cruz, e em cada mistério há dez Ave-Marias, que me fazem lembrar os dez mandamentos da lei de Deus transmitida a Moisés no monte Sinai. Eu rezo quatro terços por dia, que, somando, formam o rosário de Nossa Senhora. O primeiro rezo de manhã. Contemplo os mistérios gozosos, lembro-me da humildade de Maria, seu Sim a Deus por ser a escolhida... Antes do almoço medito os mistérios da luz lembrando-me das alegrias e dos desafios que a vida oferece quando fazemos o bem e do trabalho que Jesus realizou durante os três anos de vida pública... Depois de sesta, eu contemplo os mistérios dolorosos, penso na dura caminhada de Jesus para o Calvário... Quando chega à tardinha, eu rezo os mistérios gloriosos, agradecendo por mais um dia de trabalho e pensando na vitória de Jesus sobre a morte.
Os olhos de dona Maria brilhavam enquanto explicava sua fé, já os olhos do ouvinte lacrimejavam pela emoção da escuta e acolhida da fé, e meio embaraçado o homem pediu:
- Eu não sabia.... Dona Maria, me ensina a rezar assim?!

1 comentários:

Rosa Amélia Tofani disse...

Olá Cris,
Passei aqui para conhecer seu blog.
Sucesso para vc!
Sou da turma Blogueiras unidas e já estou seguindo vc.
Um grande abraço.
Rosa

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